Amandos Sell e a Arquitetura Enxaimel

Amandos Sell em visita a nossa Escola

Trabalho de alunos da 6ª Série

A arquitetura enxaimel é um dos marcos da colonização da cidade de Joinville e da região. Com sua forma característica, ela tem atraído a atenção não só de turistas, mas de muitos artistas plásticos, entre eles o joinvilense Amandos Sell,

Amandos Sell, nascido em Joinville, morador da Estrada da Ilha, na zona ainda considerara rural, vive em meio a algumas destas casas e seu trabalho traduz seu interesse e seu apego a este estilo arquitetônico.

Desta forma, este trabalho buscou resgatar a importância do artista, sua vida e obra, visto que as aulas de arte não deveriam se limitar ao estudo dos grandes artistas, não que estes sejam de menos valor, mas os alunos devem valorizar os artistas que estão à sua volta. Descobrir o “local” pode levar o sujeito a melhor visualizar o “global”.

Assim, o objetivo deste projeto, foi estudar com os alunos as características de um estilo arquitetônico da região e um artista que se utiliza do mesmo para desenvolver seu trabalho.

A realização do projeto, com 4 turmas de 6ªs séries do Ensino Fundamental, com cerca de 38 alunos por turma, teve início em abril deste ano. Primeiramente foram apresentadas aos alunos fotos de casas em enxaimel de Joinville e região, explicando sua construção, sua transformação e posterior adaptação ao clima local.

Enxaimel, ou Fachwert em alemão, é mais que um estilo de construção, é uma técnica onde a madeira tem a função da estrutura, e os tijolos servem para preencher os vãos. Esta técnica foi introduzida no sul do Brasil pelos imigrantes alemães, que colonizaram Santa Catarina e o Rio Grande de Sul no século XIX.

Para a parte prática, optou-se por um trabalho em recorte e colagem, utilizando material reciclável, de fácil acesso: caixas de produtos variados como remédios, sabonete, filtro de papel, pizza, café, lenços de papel, ou seja, aquelas que tinham cores interessantes para “construir” a casa em enxaimel e seu entorno. Preferiu-se este material, visto estarmos vivendo um momento de pensar em reciclar, ao invés de apenas consumir, comprar.

A escolha do recorte visou aprimorar a coordenação motora e a percepção visual, desenvolver o gosto estético pelo uso de cores variadas, perceber formas e reconhecer tamanhos, adquirir precisão nos movimentos, respeitar limites, pensar na composição geral e não, simplesmente, ir colando pedaços de cartão colorido aleatoriamente.

A partir de um modelo, os alunos deveriam fazer um desenho de estrutura – como as vigas de madeira, preenchendo então esta estrutura com pequenos pedaços de recorte das caixas coloridas, que teriam como finalidade os tijolos e as telhas, completando a composição com a vegetação e o céu, remetendo aos quadros de Amandos Sell.

Os trabalhos foram desenvolvidos em grupos de 2 a 4 alunos, para que pudessem interagir, favorecendo a solidariedade, a amizade, a troca de idéias e materiais.

Com início em abril, a parte de recorte e colagem foi desenvolvida em quatro aulas. Nota-se, em alguns trabalhos, a qualidade de acabamento, o gosto pela escolha das cores, a organização da composição, enquanto outros vão simplesmente colando para preencher espaços. Porém, todos são valorizados de igual modo, pois quanto mais produzirem, olharem, perceberem as diferenças entre os trabalhos, mais se enriquecerão de criatividade.

Para maior conhecimento sobre Amandos Sell e visualização de sua obra, foram apresentadas reproduções de seus quadros, com comentários sobre seu estilo e seu desenvolvimento artístico. A partir destas reproduções, os alunos desenvolveram um desenho de observação, buscando integrar o enxaimel com elementos de seu entorno, a exemplo do artista que pinta o que vê e o que está ao seu redor.

No início de julho foi montada uma exposição dos trabalhos produzidos, para que todos tenham a oportunidade de apreciá-los. A culminância do projeto ocorreu dia 04 de julho com a visita de Amandos Sell à escola, para um bate-papo com os alunos das 4 turmas de 6ªs séries. Este encontro foi importante, pois a maioria dos estudantes não está habituada a exposições de arte, ao contato com artistas. Muitos mal diferenciam uma cópia de um original e pensam que o artista plástico é alguém muito distante, quando não, já morto. Perceber que na cidade há um nome de destaque no campo artístico, através deste contato direto, pode fazer com que o aluno encare a arte de outra forma, dando-lhe maior importância e sentido.

Profª Lilian Busse
Artes